O problema ‘de fundo’, digamos que quase a raiz da questão ‘ambiental’, é praticamente uma questão retórica: o que queremos para nosso país, nossa sociedade? As tendências atuais mostram que, no plano social e econômico, houve sim uma melhora das condições de vida da maior parte da população. Temos passado algum tempo em busca dos novos paradigmas, como ‘desenvolvimento sustentável’ e ‘sócio ambiental’. Mas em verdade, os parâmetros destes termos foram criados, desenvolvidos e evoluídos dentro de sociedades muito diversas da nossa. Os primeiros ‘reflexos’ destas reflexões surgiram de Helsinki, capital da Finlândia, país que superou inúmeros obstáculos sociais e econômicos há mais de quarenta anos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O alastramento de idéias foi direto para seus vizinhos, países europeus com um acúmulo histórico, econômico e estrutural de vários séculos, e embora a S.G.M. tenha devastado uma parte dos seus recursos econômicos e estruturais, a herança cultural física da sociedade européia permanecia inalterada. Em verdade, antes da S.G.M., o abismo econômico e social entre uma Suécia e um Brasil, era muitas vezes maior do que o atual, mesmo considerando outros fatores.
A despeito desta possível disparidade, pode-se argumentar que a conscientização partiria espontaneamente, de uma observação crítica da realidade. Ora, cabe ressaltar que, como vem sido provado no panorama político atual do Brasil, e de outros países em desenvolvimento dentro e fora da América Latina, as necessidades prementes como alimentação, moradia e dignidade humana superam em muito as outras necessidades prementes à um ambiente ‘sadio e limpo’. Caso exemplar são as favelas e outras aglomerações habitacionais às margens das grandes cidades. Não faltam exemplos de pessoas que abandonam a ‘paisagem bucólica e saudável’ pelo simples fato de nesta não haver como suprir as três necessidades básicas previamente colocadas. Estas pessoas ao longo das décadas se amontoaram em centros urbanos, sem maiores atenções para o ambiente em sua volta, pura e simplesmente para satisfazerem suas necessidades mais básicas, e de certa maneira, muitas conseguiram lograr êxito. A prova disto, é que o Brasil em menos de 60 anos, deixou de ter 60% da população dispersa no campo, para assombrosos 90% da população vivendo em centros urbanos hoje.
O esclarecimento da população frente aos problemas ambientais é lento e gradual. Nas décadas seguintes à Revolução Industrial, a Inglaterra passou por semelhantes termos, visto que a população agora dependia mais e mais de aquisição de dinheiro para sustento próprio, em detrimento da subsistência e outras possíveis formas de mitigar esta necessidade. Fora a parcela minoritária da população, a 'dona' dos meios de produção, parcela para a qual o direito de 'ganhar' ou 'progredir' é sagrado e intransigente! O período em questão durou mais que um século, e a um custo humano muito caro, como é facilmente percebido na história. Porém, hoje tomamos a Inglaterra como um exemplo de país ‘civilizado’, sendo o berço de boa parte das atuais organizações transnacionais de defesa do meio ambiente, dentro e fora de seu país (embora, para que justiça seja feita, cabe colocar que muito mais fora de seu país do que dentro dele).
E aí começa outra análise - não existem atalhos que possam ser tomados dentro da atual escalada da sociedade global com relação à este problema. Atalhar uma sociedade semi-colonial, semi-feudal (vide casos de coronelismo e clientelismo em várias regiões do Brasil, por exemplo) e intrinsecamente corrupta é um processo DOLOROSO.
Óbvio, sempre é mais doloroso para o lado fraco da corda. Acho dispensável maiores metáforas, mas maiores análises e concatenação de dados estarão sempre presentes! A história factual resume por si só.
Porém, isto não traz nada de 'objetivo' para a resolução do problema! Como resolver, pragmaticamente falando?
Continua na próxima semana...
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