4 de fevereiro de 2011

O Meio Humano de Ser, no Ambiente...


Não é possível que um indivíduo em sã consciência acredite que problemas crônicos e atemporais das sociedades humanas possam ser resolvidos em um processo simples, única e exclusivamente com as tecnologias e conhecimentos disponíveis hoje. Desde que o século XX mostrou as complexidades do indivíduo humano, e firmaram-se disciplinas como a Psicologia, a Psicanálise, o Comportamento de Grupo, entre outras, a equação da sociedade que já era de uma complexidade absurda, aparentemente teve sua complexidade ‘elevada ao quadrado’, por assim dizer. Algumas vezes, parece que não existe solução para nada, mas isto é uma maneira irresponsável de se pensar; afinal, a primeira pirâmide no Egito deve ter sido algo imensamente complexo pra época, e que fez com que arquitetos e construtores olhassem para o faraó com cara de desdém, ou fizeram caretas quando este não olhava. Outrossim, foi realizada a obra, ao custo de milhares de funcionários, ao longo de décadas, e chegou-se, acredito eu, mais ou menos ao que foi desejado originalmente.

O problema ‘de fundo’, digamos que quase a raiz da questão ‘ambiental’, é praticamente uma questão retórica: o que queremos para nosso país, nossa sociedade? As tendências atuais mostram que, no plano social e econômico, houve sim uma melhora das condições de vida da maior parte da população. Temos passado algum tempo em busca dos novos paradigmas, como ‘desenvolvimento sustentável’ e ‘sócio ambiental’. Mas em verdade, os parâmetros destes termos foram criados, desenvolvidos e evoluídos dentro de sociedades muito diversas da nossa. Os primeiros ‘reflexos’ destas reflexões surgiram de Helsinki, capital da Finlândia, país que superou inúmeros obstáculos sociais e econômicos há mais de quarenta anos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O alastramento de idéias foi direto para seus vizinhos, países europeus com um acúmulo histórico, econômico e estrutural de vários séculos, e embora a S.G.M. tenha devastado uma parte dos seus recursos econômicos e estruturais, a herança cultural física da sociedade européia permanecia inalterada. Em verdade, antes da S.G.M., o abismo econômico e social entre uma Suécia e um Brasil, era muitas vezes maior do que o atual, mesmo considerando outros fatores.

A despeito desta possível disparidade, pode-se argumentar que a conscientização partiria espontaneamente, de uma observação crítica da realidade. Ora, cabe ressaltar que, como vem sido provado no panorama político atual do Brasil, e de outros países em desenvolvimento dentro e fora da América Latina, as necessidades prementes como alimentação, moradia e dignidade humana superam em muito as outras necessidades prementes à um ambiente ‘sadio e limpo’. Caso exemplar são as favelas e outras aglomerações habitacionais às margens das grandes cidades. Não faltam exemplos de pessoas que abandonam a ‘paisagem bucólica e saudável’ pelo simples fato de nesta não haver como suprir as três necessidades básicas previamente colocadas. Estas pessoas ao longo das décadas se amontoaram em centros urbanos, sem maiores atenções para o ambiente em sua volta, pura e simplesmente para satisfazerem suas necessidades mais básicas, e de certa maneira, muitas conseguiram lograr êxito. A prova disto, é que o Brasil em menos de 60 anos, deixou de ter 60% da população dispersa no campo, para assombrosos 90% da população vivendo em centros urbanos hoje.

O esclarecimento da população frente aos problemas ambientais é lento e gradual. Nas décadas seguintes à Revolução Industrial, a Inglaterra passou por semelhantes termos, visto que a população agora dependia mais e mais de aquisição de dinheiro para sustento próprio, em detrimento da subsistência e outras possíveis formas de mitigar esta necessidade. Fora a parcela minoritária da população, a 'dona' dos meios de produção, parcela para a qual o direito de 'ganhar' ou 'progredir' é sagrado e intransigente! O período em questão durou mais que um século, e a um custo humano muito caro, como é facilmente percebido na história. Porém, hoje tomamos a Inglaterra como um exemplo de país ‘civilizado’, sendo o berço de boa parte das atuais organizações transnacionais de defesa do meio ambiente, dentro e fora de seu país (embora, para que justiça seja feita, cabe colocar que muito mais fora de seu país do que dentro dele).

E aí começa outra análise - não existem atalhos que possam ser tomados dentro da atual escalada da sociedade global com relação à este problema. Atalhar uma sociedade semi-colonial, semi-feudal (vide casos de coronelismo e clientelismo em várias regiões do Brasil, por exemplo) e intrinsecamente corrupta é um processo DOLOROSO.

Óbvio, sempre é mais doloroso para o lado fraco da corda. Acho dispensável maiores metáforas, mas maiores análises e concatenação de dados estarão sempre presentes! A história factual resume por si só.

Porém, isto não traz nada de 'objetivo' para a resolução do problema! Como resolver, pragmaticamente falando?

Continua na próxima semana...

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